Mágicos Conspiradores
Posted by Consphirayshion | Posted in Mágicos Conspiradores | Posted on 18:29
Disse-se que a grande tragédia actual é a política. Essa
ideia já caducou. A tragédia é o laboratório. É a esses "mágicos"
que se deve o progresso técnico. Na nossa opinião, a técnica
não é de forma alguma a aplicação prática da ciência. Muito pelo
contrário, ela desenvolve-se contra a ciência. O eminente matemático
e astrónomo Simon Newcomb demonstra que aquilo que
é mais pesado do que o ar não teria possibilidades de voar.
Dois mecânicos de bicicletas provar-lhe-ão o contrário. Rutheford,
Millikan, provam que jamais será possível explorar as reservas
de energia do núcleo atómico. A bomba de Hiroshima explode.
A ciência ensina que uma massa de ar homogénea não se pode
dividir em ar quente e ar frio. Hilsch demonstra que basta fazer
circular essa massa através de um tubo apropriado z. A ciência
coloca barreiras de impossibilidades. O engenheiro, da mesma
forma que o mágico sob o olhar do explorador cartesiano, transpõe
as barreiras por meio de um fenómeno análogo ao que os
físicos chamam o "efeito de túnel". Uma conspiração mágica o
atrai. Pretende ver para além do muro, ir até Marte, activar a
pólvora, fazer ouro. Não procura o lucro, nem a glória. Pretende
apanhar o Universo em flagrante delito de mistério. No sentido
apresentado por Jung, é um arquétipo. Pelos milagres que tenta
realizar, pela fatalidade que sobre ele pesa e pelo doloroso fim
que a maior parte das vezes o espera, é o filho do herói dos
Sagas e das tragédias gregas.
Como o mágico, guarda o segredo e, também como ele,
obedece a essa lei de similitude que Frazer sublinhou no seu
estudo sobre a magia. No início, a invenção é uma imitação do
fenómeno natural. A máquina voadora assemelha-se ao pássaro,
o autómato ao homem. Ora a semelhança com o objecto, o ser
ou o fenómeno de que ele pretende captar os poderes é quase
sempre inútil, mesmo nociva para o bom funcionamento do aparelho
inventado. Mas, como o mágico, o inventor encontra na
similitude um poder, uma volúpia que o empurra para a frente.
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