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Incógnitas

Posted by Consphirayshion | Posted in | Posted on 10:39

O professor Simon Newcomb demonstrou matematicamente
a impossibilidade do mais pesado que o ar. Alguns meses
antes da morte de Langley, que morria de desgosto, um garoto
inglês regressou um dia da escola a soluçar. Mostrara aos camaradas
a fotografia de uma "maquette", que Langley acabava de
enviar a seu pai. Proclamara que os homens acabariam por voar.
Os camaradas tinham feito troça. E o professor dissera: "Meu
amigo, será caso que o seu pai seja um idiota?" O pressuposto
idiota chamava-se Herbert George Wells.
Todas as portas se iam fechando com um ruído seco.
De facto, apenas restava pedir a demissão e o Sr. Brunetière
podia falar tranquilamente, em 1895, de "A falência da ciência".
O célebre professor Lippmann, nessa mesma altura, declarava a
um dos seus alunos que a Física estava concluída, classificada
arrumada, completa, e que seria melhor enveredar por outros
caminhos. O aluno chamava-se Helbronner e viria a ser o maior
professor de química-física da Europa, e a fazer notáveis descobertas
relativas ao ar líquido, ao ultravioleta e aos metais coloidais.
Moissan, químico genial, era obrigado à "autocrítica" e teria
de declarar publicamente que não fabricara diamantes, que
se tratava de um erro experimental. Inútil procurar mais longe:
as maravilhas do século eram a máquina a vapor e a lâmpada
de gás, jamais a humanidade faria uma invenção mais importante.
A electricidade? Simples curiosidade técnica. Um inglês
louco, Maxwell, pretendera que por meio da electricidade se
poderiam produzir raios luminosos invisíveis: uma brincadeira.
Alguns anos mais tarde, Ambrose Bierce poderia escrever no seu
Dicionário do Diabo: "Não se sabe o que é a electricidade, mas
em todo o caso ela ilumina melhor do que um cavalo-vapor e
é mais veloz do que um bico de gás."
Quanto à energia, era uma entidade completamente independente
da matéria, e sem o menor mistério. Era composta por
fluidos. Os fluidos desempenhavam todas as funções, deixavam-se
descrever por equações de grande beleza formal e satisfaziam
o pensamento: fluido eléctrico, luminoso, calorífico, etc.
Uma progressão contínua e clara: a matéria com os seus três
estados (sólido, líquido, gasoso) e os diversos fluidos energéticos,
mais subtis ainda do que os gases. Bastava pôr de parte como
fantasia filosófica as novas teorias do átomo para conservar uma
imagem "científica" do mundo. Estava-se muito longe dos grãos
de energia de Planck e Einstein.
O alemão Clausius demonstrava que nenhuma fonte de energia
além do fogo era concebível. E a energia, se se conserva em
quantidade, degrada-se em qualidade. O Universo foi construído
um belo dia como um relógio. Parará quando a mola estiver
frouxa. Nada a esperar, não há surpresas. Neste universo de destino
previsível, a vida surgira por acaso e evoluíra simplesmente
devido às regras das selecções naturais. No pináculo definitivo
desta evolução: o homem. Um conjunto mecânico e químico,
dotado de uma ilusão: a consciência. Sob o efeito dessa ilusão,
o homem inventara o espaço e o tempo: imagens do espírito.
se se tivesse dito a um investigador oficial do século xIx que a
física absorveria um dia o espaço e o tempo e estudaria experimentalmente
a curvatura do espaço e a contracção do tempo,
ele chamaria a polícia. O espaço e o tempo não têm qualquer
eexistência real. São divagações de matemático e temas de reflexão
gratuita para filósofos. O homem não poderia ter qualquer
relação com essas grandezas. A despeito dos trabalhos de
Charcot, de Breuer, de Hyslop, a ideia de percepção extra-sensorial
ou extratemporal deve ser rejeitada com desprezo. Não há
incógnitas no Universo, não há incógnitas no homem. Sábio meu
filho, tem juízo!

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