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Colisor de Hadrons - Por Alberto Saa, pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Posted by Consphirayshion | Posted in , , , , , | Posted on 20:18

A partícula de Deus

Quando o LHC estiver promovendo colisões para valer, começará uma busca frenética por uma partícula em especial: o bóson de Higgs.

O nome assusta, e o apelido mais ainda -- ele é chamado popularmente como "a partícula de Deus". Mas, por que, afinal, o bóson de Higgs é tão especial?

Existe uma teoria muito querida pelos físicos de partículas, chamada de modelo padrão. Ela é basicamente uma lista de todas as peças -- ou seja, todas as partículas -- usadas na confecção de um universo como o nosso. Ela explica como os prótons e os nêutrons são feitos de quarks, e como os elétrons fazem parte de um grupo de partículas chamado de léptons, em que também se incluem os neutrinos, partículas minúsculas de carga neutra. O modelo padrão também explica como funcionam as partículas portadoras de força (como o glúon, responsável por manter estáveis os núcleos atômicos, ou o fóton, que compõe a radiação eletromagnética, popularmente conhecida como luz).

Mas para todo esse imenso "lego" científico funcionar corretamente, os físicos prevêem a existência de uma partícula que explicaria como todas as outras adquirem sua massa. É onde entra o bóson de Higgs. Infelizmente, até agora os cientistas não encontraram nenhum sinal concreto de sua existência. Por maior que fossem os aceleradores de partículas, o Higgs continuava ocultando sua existência. Agora, com a nova jóia da ciência européia, ele não terá mais onde se esconder.

Com uma potência nunca antes vista num acelerador, o LHC quase com certeza encontrará o bóson de Higgs. Ou coisa que o valha.

"Ninguém duvida que a idéia que está por trás do bóson de Higgs esteja correta", afirma Adriano Natale, físico da Unesp (Universidade Estadual Paulista). "Se o bóson de Higgs, exatamente como foi proposto, não for encontrado, aparecerão outros sinais -- partículas -- que indicarão o novo caminho a ser seguido. Podemos não achar o bóson de Higgs, mas, seja qual for a física que está por trás, algo vai aparecer, e este algo pode até levar a uma nova revolução na física."

Aliás, a física bem que anda precisando de uma "nova revolução".

Em busca da unificação


Hoje, o entendimento do mundo físico se assenta sobre dois pilares. De um lado, há a física quântica, base para todo o modelo padrão da física de partículas. De outro lado, há a teoria da relatividade geral, que explica como funciona a gravidade.

Até aí, tudo certo. Temos duas teorias, cada uma regendo seu próprio domínio de ação, e ambas funcionam muito bem, obrigado, na hora de prever os fenômenos. Qual é o problema? O dilema surge porque há circunstâncias muito especiais no universo que exigem o uso das duas teorias ao mesmo tempo. Aliás, o próprio nascimento do cosmo só pode ser explicado juntando as duas teorias. E aí é que a porca torce o rabo: as equações da relatividade e da física quântica não fazem sentidos, quando usadas juntas para resolver um problema. Começam a aparecer cálculos insolúveis e resultados infinitos -- sintomas de que há algo muito errado em uma das duas teorias, ou até em ambas.

Por isso, os cientistas têm uma esperança muito grande de que exista uma teoria maior, mais poderosa, que incluísse tanto o modelo padrão como a relatividade num único conjunto coeso de equações. Só essa nova teoria "de tudo" poderia realmente acabar com os mistérios remanescentes no universo.

A badalada hipótese das supercordas -- que prevê que as partículas elementares na verdade seriam cordas estupidamente minúsculas vibrando num espaço com dez dimensões -- é hoje a principal candidata a assumir essa função de teoria de tudo.

Só que, até o momento, seus defensores não conseguiram apresentar nenhuma evidência real de que essa maluquice de supercordas e dimensões extra realmente exista. Suas esperanças estarão agora depositadas no LHC. É possível -- mas não muito provável -- que ele atinja um nível de energia suficiente para revelar a existência de novas dimensões, além das três que costumamos vivenciar no cotidiano.

E, ainda que não chegue lá, o LHC tem boas chances de produzir objetos que emergem diretamente da interação entre a gravidade e o mundo quântico, como miniburacos negros. "Esses possíveis objetos transcendem a relatividade real. Suas propriedades podem dar informações seobre regimes em que a relatividade geral não é mais válida, como, por exemplo, o regime da gravitação quântica".

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